Minha terapia serve para nada


Isso mesmo, a terapia que ofereço serve para nada, para possibilitar a experiência do nada, da parada, do vazio, do indefinido...

Antes de escolhermos algo, experienciamos um espaço vago, perdido, estranho, abstrato, não muito visível, que podemos chamar de "nada" - um espaço da possibilidade, da virtualidade.

Com o tempo, vamos preenchendo esse "nada" por "algo", e todo o vazio do possível vai se transformando em coisas, se configurando em formas, direcionando para um caminho específico.

Esses caminhos que estruturamos passam a determinar nossa vida e experiências, estabelecendo "coisas" em lugar de "nada", e aos poucos vamos perdendo essa possibilidade do vazio.

É aí que entra essa terapia, enquanto um espaço para experienciar o nada, um momento para esvaziar, para que assim algo aconteça, algo que ainda não sabemos, que acontece em nós, mas ainda não tem voz.

Levamos a vida envolvidos em nossas atividades, compromissos, pendências e necessidades. Uma terapia que propõe o nada rompe com o cotidiano, para que possamos falar dele sem sermos sugados por ele.

Trata-se de uma parada, para pensar sobre o que estamos fazendo e como nos sentimos com o que fazemos. Se o que fazemos constitui a pessoa que estamos sendo, há sempre uma margem para que algo distinto seja feito de nós mesmos. Uma margem para nos reconfigurar, e nos redirecionar para outros caminhos.

"Um pouco de possível, senão eu sufoco..."
(Gilles Deleuze)

Mas que algo será preenchido deste nada? Para onde vamos com essa terapia? Não há um lugar de chegada, não há uma meta nem um objetivo. Isso depende de cada pessoa - de seus interesses, desejos e intuitos.

O que é saudável para uma pessoa pode não ser para outra, portanto é preciso que cada um avalie suas medidas, e as reveja de tempos em tempos.

Por isso, o intuito da terapia é possibilitar um espaço para repensar nossa vida, para experimentar outros modos possíveis de ser e se colocar no mundo, mais interessantes e salutares.

Meu papel enquanto terapeuta não é dizer o que fazer, mas me colocar como um acompanhante das vivências da pessoa em atendimento, atento e aberto às suas experiências e possibilidades.

"Pensar é sempre experimentar, não interpretar, mas experimentar, e a experimentação é sempre o atual, o nascente, o novo, o que está em vias de se fazer."
(Gilles Deleuze)

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