Como ajudar uma pessoa terapeuticamente?

Essa é uma pergunta que me faço há quase vinte anos, e que persiste ainda hoje. Como ajudar uma pessoa terapeuticamente? Quais as disposições de um terapeuta para poder auxiliar uma pessoa em sofrimento, angústia, dilemas ou questões existenciais?

Tenho percebido, há um bom tempo, que não ajuda me colocar como superior ou detentor de um saber sobre a pessoa, como se eu soubesse mais da pessoa do que ela mesma, ou como se - na minha condição de terapeuta - eu tivesse a capacidade de dizer o que é certo ou errado, ou o que deve ser feito em sua vida.

Essas posturas sempre me pareceram por demais invasivas e desrespeitosas. Toda essa suposição do terapeuta ter uma capacidade superior para lidar com as dificuldades humanas, de crer saber algo sobre a pessoa a partir de seus mínimos gestos e falas, de orientar a pessoa para o "melhor caminho", acredito serem por demais soberbas e inúteis.

Me disponho a escutar o outro a partir de suas perspectivas, buscando me aproximar de suas questões, dilemas e dificuldades sem pressupor algo sobre, ou estabelecer uma distinção do que é saudável ou não, ou do que seja certo ou errado. Tento me aproximar das experiências de uma pessoa, do modo como essa vivencia suas percepções e sensações, para com ela encontrar outros meios de lidar com seus sofrimentos, isto já me parece mais interessante.

Não creio ter encontrado o melhor meio para ajudar uma pessoa terapeuticamente, mas tenho experimentado outras maneiras de me dispor enquanto terapeuta que me parecem mais interessantes justamente por considerar as diferenças e singularidades de cada pessoa, me abrindo às suas experiências e possibilidades.

É por isso que, enquanto terapeuta não atendo ansiedade, depressão, bipolar, borderline, transtorno alimentar, déficit de atenção, fobia social, dependência química ou transtorno do desenvolvimento, não faço orientação nem proponho "atividades" para desenvolver "habilidades sociais". Não utilizo uma medida para avaliar o que é saudável ou doentio, mas busco avaliar a partir da apreciação da própria pessoa.

Atendo pessoas, em suas singularidades e peculiaridades, buscando me aproximar da complexidade de cada um a partir de sua experiência, tomando contato com seus conflitos e paradoxos, para que seja possível encontrar outras maneiras de lidar com seus dilemas, ensaiando e experimentando outros modos de vida, mais saudáveis.

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