No dia 27 de agosto comemora-se o dia do psicólogo no Brasil, o motivo de sua comemoração coincide com a regulamentação da profissão de psicologia em nosso país, em 1964, pela Lei nº 4.119.
Oh psicólogo, que entende de nossas angústias, que cura nossas dores emocionais, que sabe sobre o desenvolvimento humano, que classifica cada período e cada experiência de nossa existência cientificamente, que aponta nossos problemas psicológicos e que corrige nossas demências cognitivas...
Será mesmo que o senhor, ou a senhora, tem todo esse poder? Será que sabe lidar com toda a angústia e o desespero humano? Será que entende das distintas emoções? Suas classificações e entendimentos sobre nossa atividade mental e emocional estão realmente de acordo com o que sentimos?
Neste seu dia lhe desejo um presente, e este presente se chama humildade. Não pense o senhor, ou a senhora, que és um "doutor", como alguns gostam de usar antes de seus nomes, ou o detentor do poder e dos saberes sobre as emoções e a mente humana.
Sugiro que desconfie do que sabe, ou do que acha que sabe. Seu maior trabalho é acolher o sofrimento emocional e não seguir normas ou classificar pessoas. Sugiro também que deixe de lado os jalecos de médicos, e vista-se de modo a se parecer cada vez mais com um ser humano, para que assim possa se aproximar de outro ser humano.
Sugiro que desconfie do que sabe, ou do que acha que sabe. Seu maior trabalho é acolher o sofrimento emocional e não seguir normas ou classificar pessoas. Sugiro também que deixe de lado os jalecos de médicos, e vista-se de modo a se parecer cada vez mais com um ser humano, para que assim possa se aproximar de outro ser humano.
Por favor, não seja apenas mais uma peça na engrenagem de nossa sociedade normativa, não coloque seu trabalho em favor da normatização da vida. Não há nada pior para uma pessoa criativa do que uma vida "normal". Valorize, primeiramente a si mesmo como um ser único e diferente, deste modo você poderá também valorizar diferenças das pessoas com quem você trabalha!
Entenda que as pessoas, os sentimentos e a sociedade estão em constante transformação, e que não há como saber tudo sobre as dores de cada indivíduo. Portanto, não busque ser o "detentor do saber", procure se colocar aberto para conhecer cada pessoa que se apresenta a sua frente como uma nova experiência, de modo a aprender sempre mais.
Questione sobre seus parâmetros e práticas, inclusive sobre seu modelo de saúde mental e emocional. Será que esse modelo de normalidade, de que tanto defende é realmente saudável? Será que ele promove uma melhoria na qualidade de vida das pessoas que você atende, ou será que ele atende a uma necessidade de "ajustamento ao sistema"?
Sugiro que você desconfie das teorias, questione e busque sempre novos conhecimentos. Mas, não desconfie apenas por desconfiar, faça isso após conhecer a fundo sobre cada teoria. Um bom psicólogo, no meu ver, é um psicólogo estudioso e crítico, que conhece bem e não aceita as coisas como são, que busca conhecer sempre mais e que questiona.
Aliás, você já se perguntou porque temos um "dia do psicólogo", ou do advogado e do médico? Por que temos dias para todos os santos e para as profissões? Por que não temos um dia do menino de rua, da mulher desempregada, do órfão, do doente ou da viúva?
Aliás, você já se perguntou porque temos um "dia do psicólogo", ou do advogado e do médico? Por que temos dias para todos os santos e para as profissões? Por que não temos um dia do menino de rua, da mulher desempregada, do órfão, do doente ou da viúva?
Por isso, eu não faço questão de um dia para a minha profissão, prefiro que deem este dia para o angustiado, para a melancólica, para o entristecido e para todos os loucos, desajustados e ditos "anormais". São eles que dedico meu trabalho e são eles que precisam ser vistos e ouvidos, pois são eles que permanecem excluídos por nossa sociedade pretensamente "normal".
No "dia do psicólogo" não espero parabéns, mas ficarei muito grato se as pessoas, principalmente os psicólogos, desenvolvessem uma percepção e uma consciência mais crítica e questionadora sobre a sua profissão e sobre papel do psicólogo em nossa sociedade, sobre seu trabalho e as implicações de sua atuação.