Como interpretamos o outro?

© Fulvio Roiter/CORBIS

Quando tiramos uma ideia sobre outra pessoa ou falamos sobre alguém, pensamos que estamos a descrever o outro, mas por vezes estamos a descrever sobre nós mesmos.

O outro é outro, habita outro corpo e possui diferentes experiências. Não há como ter uma consciência do outro em seu ser, para isso teríamos que ser o outro. O que temos são interpretações dos outro, partindo do que nós conhecemos e temos por experiência.

Observamos o outro partindo da ideia do outro que está em nós, associamos o que o outro diz com o que entendemos do que diz, dificilmente alcançamos a compreendê-lo como realmente é, ou seja, como outro diferente de nós, do que somos ou do que pensamos.

Estamos sempre a falar sobre e para nós mesmos, mesmo quando falamos com o outro, falamos com o outro que está dentro de nós. Muitas vezes, o que interpretamos dos outros tem muito mais de nós mesmos do que do outro.

As possibilidades que temos para compreendê-lo são tantas quanto as que temos por conhecimento, o limite de compreensão do outro são as experiências do eu, não há como compreender mais o outro do que o que temos.

O outro - para nós - é quase sempre um "eu-outro", ou um "outro-eu", uma projeção do eu nas ideias que associamos sobre o outro. O outro é um outro complexo.

Para nos aproximar do outro como ele é, ou como ele se mostra, precisamos sair um pouco de nós mesmos, nos distanciar de nossos valores, e experiências, para tentarmos observar o outro realmente como outro ser.

"Não se tem ouvido para aquilo a que não se tem acesso a partir da experiência."
(Nietzsche)

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